Na quinta-feira (5), a Malásia alertou que qualquer tentativa do novo governo de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, de aplicar tarifas aos países do Brics por buscarem criar uma nova moeda ou utilizarem alternativas ao dólar, poderia resultar em interrupções na cadeia global de suprimentos de semicondutores. O Brics, que começou com Brasil, Rússia, Índia e China, e mais tarde se expandiu para incluir outras nações, representa algumas das principais economias emergentes do mundo. A Malásia, que almeja integrar esse bloco, cujo objetivo é desafiar a ordem mundial dominada pelas economias ocidentais, ainda não foi oficialmente aceita como membro.
O ministro do Comércio da Malásia, Tengku Zafrul Aziz, afirmou que o país está observando atentamente os desenvolvimentos após Trump ter mencionado que os membros do Brics enfrentariam tarifas comerciais de 100%, a menos que se comprometessem a não criar uma nova moeda ou apoiar a substituição do dólar norte-americano. Tengku Zafrul destacou que os Estados Unidos são o terceiro maior parceiro comercial da Malásia e que empresas americanas são os principais investidores no setor de semicondutores do país. A Malásia é um centro significativo que responde por aproximadamente 13% dos testes e embalagens de chips em todo o mundo.
“Dessa forma, qualquer medida para impor uma tarifa de 100% só prejudicará ambas as partes, que dependem uma da outra para evitar interrupções na cadeia de suprimentos global”, disse ele em uma resposta parlamentar. Ele também mencionou que, embora os países do Brics tenham discutido a redução da dependência de moedas comerciais tradicionais, como o dólar norte-americano, ainda não houve nenhuma decisão oficial sobre esforços de desdolarização.
Apesar do grupo não possuir uma moeda comum, as discussões de longa data sobre o tema ganharam força após o Ocidente impor sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia. Na segunda-feira (2), a Rússia declarou que qualquer tentativa dos EUA de obrigar os países a usar o dólar seria contraproducente e apenas fortaleceria os esforços entre os países para adotar moedas nacionais no comércio.
