Filme perdido de Silvino Santos, “Amazonas, o maior rio do mundo”, será exibido no Teatro Amazonas
Após quase 100 anos desaparecido, o aclamado filme do renomado cineasta Silvino Santos, intitulado “Amazonas, o maior rio do mundo”, finalmente será exibido. O local escolhido para essa projeção histórica é o icônico Teatro Amazonas, em Manaus, com entrada gratuita. A obra, que foi considerada perdida desde a década de 30, foi recentemente encontrada na República Tcheca, na Cinemateca de Praga.
Produzido em 1918, o filme retrata uma viagem pelos rios Amazônia e Xingu, passando por diversas localidades da região, como Belém, Marajó, Santarém, Itacoatiara, Manaus e rio Putumayo. Com imagens impressionantes e uma narrativa envolvente, a obra conquistou o público europeu durante sua exibição por aproximadamente uma década, antes de desaparecer misteriosamente.
A redescoberta da obra foi graças aos esforços do pesquisador amazonense Sávio Stoco, que realizou uma pesquisa de doutoramento na Universidade Federal do Pará, dedicada a Silvino Santos e seu mítico filme perdido. Ao ser contatado pelo curador inglês Jay Weissberg, responsável pelo Festival de Cinema Silencioso de Pordenone, Stoco teve a oportunidade de avaliar alguns filmes sul-americanos encontrados na Cinemateca de Praga. Foi nesse momento que a suspeita de que o filme perdido de Silvino Santos havia sido encontrado se tornou realidade.
Após meses de análise cuidadosa, Stoco reconheceu todas as imagens, descrições e dados do filme, comparando-os com sua pesquisa. Mesmo com os intertítulos em tcheco e um título traduzido que não fazia menção ao diretor ou ao país produtor, as características únicas do longa-metragem confirmaram sua autenticidade.
A exibição do filme no Teatro Amazonas é tida como uma ideia maravilhosa por Stoco. O pesquisador ressalta a importância das sessões já realizadas em outros locais, como Itália, República Tcheca, São Paulo, João Pessoa, Belém, Rio de Janeiro e Fortaleza, para a consolidação do significado dessa descoberta. No entanto, para Stoco, é em Manaus que a exibição se torna ainda mais especial, pois foi na cidade onde o filme foi concebido e produzido, ao longo de três anos.
O Teatro Amazonas, além de ser um verdadeiro museu e um farol iconográfico para os artistas da época de Silvino Santos, possui uma conexão profunda com o filme. Em sua tese, Stoco apresenta uma pintura do próprio Silvino, que reproduz o painel As Garças, presente no Salão Nobre do Teatro. Além disso, no filme há uma sequência encantadora com garças e pássaros amazônicos.
É indiscutível que Silvino Santos possui o dom de evocar toda a tradição visual amazônica em seus filmes, e o Teatro Amazonas é o monumento máximo dessa tradição. A exibição de “Amazonas, o maior rio do mundo” no Teatro é uma oportunidade imperdível para os amantes do cinema e da cultura da região amazônica. Portanto, não deixe de conferir essa obra-prima histórica que reascendeu das profundezas do tempo.