August 14, 2024
Manaus

“Se Fazendo de Doido”: o uso capacitista da expressão por Amom Mandel

“Se Fazendo de Doido”: o uso capacitista da expressão por Amom Mandel

Durante o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Manaus, transmitido pela TV Band no dia 8 de agosto, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania/AM) realizou uma crítica a Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), utilizando a expressão “se fazendo de doido”. Essa declaração suscitou polêmica, principalmente devido ao uso de uma linguagem considerada capacitista, perpetuando estereótipos e preconceitos sobre a saúde mental.

### O que é capacitismo?

Capacitismo é uma forma de discriminação direcionada a pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes (NDs), incluindo condições como autismo, bipolaridade e demência. Termos como “doido”, “louco” e “maluco” são frequentemente usados de maneira pejorativa para descrever comportamentos ou atitudes que fogem do comum. Essas palavras carregam um histórico de marginalização e exclusão, banalizando as experiências e desafios enfrentados por pessoas com deficiências ou condições mentais.

### O impacto da linguagem no cotidiano

Especialistas ressaltam como a linguagem influencia a percepção social e contribui para a exclusão. A professora Geisa Kempfer Bock, do Laboratório de Educação Inclusiva (LEdI) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), afirma que a linguagem pode hierarquizar formas de existir, criando uma norma social que exclui aqueles que não se encaixam nos padrões considerados normais. Quando usamos palavras como “doido”, não apenas perpetuamos estereótipos, mas também reforçamos a ideia de que certos corpos e mentes são menos dignos de respeito e inclusão.

### Por que repensar nosso vocabulário?

A psicanalista Samiza Soares alerta para o impacto que termos pejorativos como “doido” podem ter na vida das pessoas. Ao utilizar essa palavra para descrever alguém que age de maneira diferente, contribuímos para a banalização das condições mentais, dificultando que essas pessoas sejam compreendidas e respeitadas. Isso reforça barreiras sociais que dificultam a inclusão e o apoio necessário.

### Como combater o capacitismo na linguagem?

A neuropsicopedagoga Rafaela Santos defende a necessidade urgente de abolir termos capacitistas do vocabulário. Ela explica que palavras como “retardado” reduzem uma pessoa à sua deficiência, criando uma falsa hierarquia onde aqueles sem deficiências se consideram superiores. Para combater o capacitismo, é essencial promover a conscientização sobre o impacto dessas palavras e incentivar o uso de uma linguagem que respeite e valorize todas as pessoas, independente de suas condições físicas ou mentais.

O uso de termos capacitistas como “se fazendo de doido” em debates públicos, como no caso do deputado Amom Mandel, reflete preconceitos enraizados na sociedade. Para avançarmos rumo a uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, é crucial repensar nossa linguagem e eliminar expressões que perpetuam discriminação e exclusão. A mudança começa na forma como falamos e, consequentemente, na maneira como vemos e tratamos os outros.

Com informações da Revista Cenarium.

Fonte: https://portalmanausalerta.com.br/se-fazendo-de-doido-o-uso-capacitista-do-termo-usado-por-amom-mandel/

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